sexta-feira, 29 de junho de 2012

Mitos e crenças atiçam casos de violações sexuais


Tendem a crescer, na cidade de Maputo, os casos de violação sexual de mulheres, particularmente de menores, aliados, muitas vezes, a mitos e crenças, segundo as quais actos macabros como aqueles podem livrar o homem de problemas sociais. No primeiro trimestre deste ano, pelo menos 188 menores foram sexualmente abusadas por indivíduos com idades comparadas as dos seus pais. Só nas últimas três ou quatro semanas, a Polícia registou 15 casos do género na província e cidade de Maputo.
Dos episódios mais gritantes, aconteceu há dias no bairro Campoane, distrito de Boane, onde um jovem de 17 anos de idade estuprou um bebé de apenas 18 meses. Outro caso é de um senhor de nome Simeão que agrediu e violou sexualmente a sua própria mãe, uma anciã de 92 anos de idade.
Líderes comunitários e cidadãos anónimos das zonas onde alguns destes crimes se deram, aventam, quando contactadas pelo “Notícias”, que as violações sexuais de mulheres e principalmente de crianças podem estar associadas ao desespero de busca da cura do HIV/SIDA por parte dos violadores.
“Trata-se de uma prática obscura que os curandeiros incentivam os homens a manter relações sexuais com uma mulher mais jovem para a cura do HIV/Sida”, considera Tomás Cuambe, líder do bairro de Inhagóia, nos arredores da cidade de Maputo.
Existem ainda, segundo a nossa fonte, actos justificados pela pobreza e práticas de enriquecimento fácil, levando médicos tradicionais a incentivar a violação de uma mulher mais velha, podendo ser a mãe.
“Alguns provedores de medicina tradicional incitam ao homem a se relacionar com a própria mãe para enriquecer facilmente. Já tivemos casos deste género aqui no bairro e o jovem em causa acabou enlouquecendo”, explicou o ancião.
Por sua vez, o secretário de 25 de Junho B, Fernando Bila, considera as violações sexuais de mulheres e crianças um “cancro” que preocupa as autoridades e que está longe de ser resolvido.
“Este é um cancro que dificilmente venceremos no bairro. Só nas últimas semanas registamos dois casos graves, excluindo aqueles que se consegue resolver a nível familiar”, disse Bila.
Falando sobre como aqueles crimes são protagonizados, a fonte relacionou-os ao consumo de bebidas alcoólicas e a falta de iluminação pública.
“Temos alguns casos de criminosos que em altas horas da noite se encontram nas barracas a consumir álcool, interceptam as vítimas quando regressam do seu local de trabalho e/ou das escolas”, disse a nossa fonte.
Outro cenário que se assiste nas comunidades tem a ver com pais ou padrastos que violam seus filhos ou enteados, muitas vezes, com conivência das mães.
Fernando Bila disse que recentemente no bairro 25 de Junho um padrasto violou sexualmente a respectiva enteada e, por medo de perder o marido, a mãe preferiu não denunciar o sucedido junto das autoridades, tendo as estruturas locais descoberto o caso mais tarde.
Veja na integra...

To na bicha!!!


Em todos os país do mundo bicha é sempre bicha e dependendo do tamanho deixa a gente bem irritada... rs. Calma vou explicar em detalhes o que é bicha.
Tipo de Bicha mais comum: Pegar chapa!
Essa semana o missionário Rondon me deu uma tarefa muito comum para executar na cidade da Beira. Minha missão era fazer um simples deposito bancário. Mas qual foi o meu desespero quando cheguei ao banco e me depararei com uma bicha kilometrica, tinha aproximadamente 80 pessoas na minha frente, bicha aqui, é a tão apavorante fila no Brasil, pronto ta explicado!
Claro ninguém gosta de ficar na fila por horas a fio, mas percebi que as pessoas aqui já estão mais acostumadas com esse tipo de situação, pois aqui tem bicha desconfortáveis literalmente para tudo. E não nos foi oferecidas nem poltronas para sentarmos ou senhas caso alguém necessitasse recorrer ao banheiro, claro que também não existia tal departamento... rs
Bicha para o Chapa!
Enfim depois de 1 hora um dos funcionários me conduziu para outro local mais reservado (até agora não descobri com qual artista ele me confundiu...hahahaha) com poucas pessoas e pude enfim realizar o deposito sem ficar muitas horas na bicha.

Bicha agora só se for para receber coisas boas.
Nessa eu entro e permaneço sem reclamar!!!!
Alias to na bicha!!!!kkkkkk

Final da bicha miafiaaaa Cade océ???hahahaha 
By Orcélia Sales

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O que Moçambique tem de melhor?


Hoje é comemorado aqui em Moçambique o dia da Independência. Durante o domínio português o povo moçambicano sofreu severas discriminações os moçambicanos eram proibidos de estudar, ter casas de alvenaria, ter bons trabalhos entre outros.
Mapa e bandeira de Moçambique
Precisamente em 25 de junho de 1975 e após mais de 400 anos com a presença portuguesa, esse país deixava a Luta Armada de Libertação Nacional ou Guerra da Independência para se tornar LIVRE.
O dia da Independência é marcada por grandes comemorações festivas, nas escolas, praças e igrejas...na nossa Igreja comemoramos com um congresso de Jovens Independentes do Mundo, Dependentes de Deus.

Sem palavras!!!
Com a independência a esperança era que  aquilo que por aqui se tem de melhor fosse valorizado, infelizmente ainda falta muito para esse povo experimentar o verdadeiro sentido da independência.

O que tenho visualizado é que mesmo após a Independencia o povo ainda sofre com o desemprego e metade da população vive abaixo da linha da pobreza, mora em casebres de barro com cobertura de palha, não tem acesso a educação básica ou programas de saúde suficientes para atender os doentes.
EU junto com o que tem de melhor em Moçambique!
Nessa data temos que comemorar O que tem de melhor em Moçambique, que é o seu POVO. 
Um povo sempre alegre, cortez, gentil, humano e solidário. Que apesar das lutas e dificuldades não deixa de crer em tempos melhores não apenas com paz, mas, sobretudo com acessibilidade a uma vida digna e livre de tantas mazelas sociais.
Parabéns Moçambique do meu coração!!!

 Amuuu...

By Orcélia Sales

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Nhamacanguere


EU sendo engolida pelas bagagens..rs

Antigamente quando eu fazia alguma uma viajem sempre sabia meticulosamente tudo sobre o roteiro, mas depois que Deus mudou o roteiro da minha vida, essas organizações pessoais também sofreu algumas modificações. rs.
Agora desde que fui convocada por Deus para missões transculturais, praticamente só sei que vou, mas não sei quando nem como ou para onde vou! Literalmente tenho experimentado aqui em Moçambique ser simplesmente como o vento que sopra a onde quer.
Hora da farofa
Esta semana (14/06 até 23/06) estou em viajem com os lideres da base Catedral da Família os missionários Rondon/Natalia para o norte do país com a expectativa de visitar dez congregações da Igreja perfazendo aproximadamente 2000km. Na primeira localidade chamada Nhamacanguere o missionário Rondon teve que resolver uma questão muito interessante.
A igreja Catedral da Família esta desenvolvendo um projeto social de abertura de poços com fontenalia (água aqui é um problema gravíssimo, vou falar disso em outro post) e latrinas para atender os irmãos da Igreja e também a comunidade local. Alem disso o projeto social promove o desenvolvimento sustentável através de investimento para a formação de cooperativas, treinamentos, empreendedorismo, empregabilidades entre outros.
Missionário Rondon conferindo a fontenalia
Nhamacanguere fica em Savane um distrito cidade do Dondo localizada a 80km. Essa comunidade é extremamente pobre e como em quase todo o país vivem da cultura de subsistência e da pesca no Rio Savane.
EU na Fontenalia
Vamos ao caso explicando o seguinte: Esta região foi uma das primeiras a receber todos os benefícios do projeto social da Igreja Catedral da Família, juntamente com os instrumentos para a pesca e comercialização de peixe seco através de cooperativa.
Mas quando chegamos ao local para ver como a comunidade estava gerenciando todos os benefícios fomos informado que o líder da região estava proibindo as pessoas de usarem o material de pesca e colocando temor no uso da água do poço, pois ele possui o entendimento que se não procedesse com rituais para os ancestrais e os espíritos tudo esta amaldiçoado.
EU sendo recepcionada
Por isso o líder da região pediu ao missionário Rondon dinheiro para comprar bebida alcoólica, cigarro, esteira entre outras oferendas para dedicar aos espíritos e assim a comunidade ficar liberada para usar a água e pescar com os instrumentos no rio. Caso esses rituais não fossem seguidos os membros da igreja seriam atacados por crocodilos e/ou outras tragédias que poderiam advim sobre essas pessoas.
Pastor Assane
Peixinho frito..delissaaaa..
Esta foi uma oportunidade maravilhosa onde o missionário Rondon explicou sobre o evangelho libertador de Jesus Cristo e convenceu aquele homem sobre os enganos que aprisionam a alma fazendo referencia que nos já somos protegidos por Deus e somente a Ele dedicamos todas as coisas. 
By Orcélia Sales

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Porque logo EUUU?!


Muitas pessoas tem perguntado como vim para o campo missionário e o que tenho realizado aqui. Por isso resolvi escrever um post sobre esse assunto.
O Projeto MissionariaAfrica, é um sonho de Deus. Que Ele fez brotar timidamente no meu coração desde a minha conversão em 1995. Em 1998 entrei na faculdade de Enfermagem e no ano de 2005 tive a minha primeira experiência como missionária transcultural no Peru e Bolívia durante um mês. 
Depois deste período que considero de transição fiquei ainda alguns anos trabalhando como professora universitária e cuidando de outros projetos pessoais. Hoje compreendo que quando os sonhos e os projetos são verdadeiramente de Deus, a gente pode até tentar andar por outros sonhos e projetos, mas na hora certa e oportuna Ele mesmo se encarrega de colocar você dentro dele.
EU atualmente feliz da vida...rs
Resumidamente foi isso que aconteceu comigo, eu estava em uma vida confortável e não queria mais vim para o campo missionário, então tudo o que tinha foi retirado de forma tão sobrenatural que todos que acompanharam essa etapa da minha vida concluíram que foi a mão de Deus. Depois de todos os acontecimentos vieram alguns questionamentos: Com quem reclamar? rs se o dono da sua vida diz não pra vida que você tem? E te coloca em outra vida que não era a que você queria, mas é a vida que Ele soberanamente quer? A minha atitude foi: sem entender vou confiar; sem aceitar vou acalmar; sem querer, vou submeter, enfim vou viver, pois pior do que esta sempre pode ficar, pois quando Deus decide ninguém pode impedir, eram estes alguns dos meus pensamentos....rs. Detalhe... hoje  posso sorrir mas esta foi uma fase muiiToooo difícil e triste (e tristeza não combina comigo), atualmente consigo enxergar com clareza que tudo absolutamente tudo sempre coopera para o meu bem.
Ensino da Palavra
Então cá estou exclusivamente na obra missionária!!!!
No ano de 2011 fui conduzida por Deus para Moçambique um dos 56 países do Continente Africano que já viveu duas grandes guerras e hoje luta para combater outras de igual ou pior destruição que são: conter o avanço da AIDS, organizar ações de acolhimento para a nação de órfãos, o combate à pobreza absoluta, entre varias outras situações.
O ultimo senso realizado no ano de 2007 constou as seguintes informações: Moçambique tem 20,2 milhões de habitantes; a expectativa de vida é de 49,4 anos; a taxa de mortalidade infantil é de 118,3 em cada 1000 nascidos vivos; o analfabetismo atinge 50,4% da população; 16% da população estão infectadas pelo vírus da AIDS esses dados são de 2010 que menciona um numero de 1.7 mil pessoas infectadas e as estimativas apontam que ocorram diariamente 450 novas infecções por dia, destes 154.000 são crianças.
Curativo
Compreendendo todos os sinais claros que minha presença no campo missionário é um sonho de Deus, no mês de Maio/2012 cheguei à cidade do Dondo para obedecer ao "Ide" de Cristo, no desenvolvimento de trabalhos em áreas especificas da Igreja Catedral da Família.
Para ter clareza do que fazer e como fazer, organizei uma divisão do meu trabalho missionário em três grandes frentes de ação.
1-     Igreja Catedral da Família: discipulado; estudos bíblicos; evangelismos; organização de congressos mananciais; treinamento e capacitação para liderança; trabalhos sociais entre outros.
2-     Educação e Saúde: Atendimento Básico de Enfermagem; Formação de Agentes Comunitários de Saúde em parceria com o projeto Vida para Mozambique; Palestras preventivas e educativas e Aconselhamentos em Saúde.
3-     Prestação de Ajuda e Apoio para outros ministérios: Ensino bíblico; Atendimento de Saúde etc.
Formação ACS
Congresso Manancial








Membros da Igreja
Inicialmente o meu trabalho esta concentrado na cidade do Dondo, na Província de Sofala, que é uma cidade com mais de 100.000 habitantes.  Outras províncias e cidades serão atendidas de acordo com a orientação do Espírito Santo e dos missionários Rondon/Natalia que são os lideres da base missionária que faço parte.  
Mulheres do discipulado
Mulheres do discipulado
Os primeiros passos eu já caminhei, mas é necessário também o envolvimento do Corpo de Cristo independente da placa para ajudar, pois cada um sabe o que fazer e qual função no Corpo.
Acho que tudo isso responde um pouco o Porquê Logo EUUU! rs. Se você quiser participar entre em contato orceliasales@hotmail.com

Nati chorando com medo de mim..kkkk

terça-feira, 12 de junho de 2012

Hoje é Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil


Esse texto foi retirado de
          Assinala-se esta terça-feira em todo o Mundo o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil. A situação do trabalho infantil em Moçambique é grave e alarmante segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que em comunicado, recorda que mais de um milhão de crianças (entre 7 e 17 anos) estão a trabalhar no nosso país, citando o Relatório Sobre o Trabalho Infantil em Moçambique, Inquérito Integrado à Força de Trabalho (IFTRAB) lançado pelo Instituto Nacional de Estatísticas em 2010.
        De acordo com o UNICEF os motivos principais que levam essas crianças ao trabalho é para aumentar as receitas e ajudar suas famílias (82%) Essas crianças estão trabalhando na agricultura, pecuária, caça e pesca. 15% dessas crianças já contraíram ferimento ou lesão no seu local de trabalho, principalmente na agricultura.
       Contudo o comunicado do UNICEF ressalta que as políticas nacionais reforçam o compromisso nacional de combate a essa violação dos direitos da criança, nomeadamente através do Plano Nacional de Acção para a Criança (PNAC) 2006-2011 que prevê uma colaboração entre o Ministério da Mulher e da Acção Social, o Ministério do Trabalho e o Ministério da Justiça no sentido proteger as crianças contra o trabalho infantil e outras formas de exploração que interferem na sua educação e desenvolvimento.
O que dizem as Leis Moçambicanas?
O UNICEF destaca que Moçambique já avançou de forma importante no âmbito legal para a prevenção e eliminação do trabalho infantil.
O nosso país ratificou a Convenção sobre os Direitos da Criança que proíbe o trabalho infantil (artigo 32) e as Convenções da Organização Internacional do Trabalho que definem a idade mínima de 15 para o trabalho e proíbem o uso de crianças nas piores formas de trabalho infantil, a saber:
- Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), artigo 32;
- Convenção No. 138 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Sobre a Idade Mínima de Admissão de Emprego (1973), que no seu artigo 2º, item 3, fixou como idade mínima recomendada para o trabalho em geral a idade de 15 anos;
- Convenção No. 182 da Organização Internacional do Trabalho, Relativa à Interdição das Piores Formas de Trabalho das Crianças e à Acção Imediata com vista à Sua Eliminação (1999).
No âmbito nacional, a legislação Moçambicana também proíbe de forma contundente o trabalho infantil tanto na sua carta magna, a Constituição de 2004 (artigo 121), na a Lei de Promoção e Protecção dos Direitos da Criança (2008) e a Lei do Trabalho (2007). Moçambique define 15 anos como idade mínima para o trabalho. Apenas o Conselho de Ministros, poderá conceder uma excepção para prestação de serviços por crianças entre 12 e 15 anos.
Qual a magnitude do trabalho infantil no Mundo?
A data que hoje se celebra, sob o lema Direitos Humanos e Justiça Social, acontece numa altura em que aproximadamente 158 milhões de crianças entre 5 e 14 anos estão envolvidas em trabalho infantil – isto é, uma em cada seis crianças no mundo inteiro. Milhões de crianças estão envolvidas em situações de trabalho perigosas, tais como trabalho em minas, trabalho com produtos químicos e pesticidas na agricultura ou trabalho com máquinas/equipamentos perigosos.
O UNICEF destaca que na África Sub-Sahariana uma em cada três crianças está a trabalhar, isto é aproximadamente 69 milhões de crianças; No Sul da Ásia são mais 44 milhões de crianças envolvidas no trabalho infantil Uma das principais causas do trabalho infantil é a pobreza.
Igualmente, crianças a viver em agregados familiares mais pobres e em zonas rurais têm maior probabilidade de estarem a trabalhar. As tarefas domésticas geralmente ficam à cargo das meninas. Milhões de meninas trabalham como empregadas, e são especialmente vulneráveis por estarem expostas a possíveis casos de abuso sexual. Este trabalho geralmente interfere na educação das crianças.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A história da galinha

By Orcélia Sales


Se existe uma coisa que eu amo e me sinto praticamente uma artista é no ato de conversar, jogar conversa fora, falar seriamente ou simplesmente falar sobre coisa alguma..rs e por aqui tenho descoberto pessoas maravilhosas para exercer essa arte tão antiga da comunicólogia...haha
Simplesmente Mama Inês 
Mama Inês cozinhando
A mama Inês é uma dessas raras pessoas que encontramos pela vida e que sem saber é um material humano riquíssimo em experiências de vida. Eu sempre fico conversando com ela e colhendo todas as informações sobre a cultura de vida aqui da sua etnia Massena. E nesse post sobre a historia da galinha quero começar a escrever um pouco do que tenho aprendido com ela. Mas antes vamos a alguma identificação dessa grande mulher moçambicana.
A Inês é funcionaria aqui na casa missionária e membro da Igreja Catedral da Família no Dondo. O marido lhe abandonou com três filhas e desde então tem lutado como uma guerreira para sobreviver aos percalços da vida.
A História da Galinha é bem simples, mas super engraçada...rs
EU e Inês
Bom começa assim: Dia desses a Inês matou uma galinha para prepara uma Galinha Café Real e deixou o coração da galinha para jogar no lixo, a missionária Natalia viu e pediu pra ela colocar na panela aquele coração, então a Inês explicou que foi ensinada pela sua mãe para não comer o coração porque pode ficar com medo igual à galinha, e todos deita no lixo essa parte (deitar aqui significa jogar fora), então eu disse que na nossa cidade comemos deliciosos espetinhos de coração, ela ficou perguntando se não tínhamos medo de ficar medrosas.
Uma parte nobre da galinha
Mas a informação chocante sobre a historia da galinha foi saber que as mulheres dessa região são ensinadas a não comer as partes nobres da galinha (coxa, miúdos, peito...), pois é uma ofensa ao marido, essas partes da galinha somente os homens podem comer. Outra coisa interessante é que as crianças podem comer apenas os pés, a tripa e a cabeça da galinha; as mulheres e crianças jamais podem fazer suas refeições junto com o homem, isto é no mesmo espaço, pois é um desrespeito com o homem e pode provocar desentendimentos entre o casal se isso não for seguido pela mulher.  
Inês me falou que mesmo depois que ficou sem o marido não comia esses pedaços porque se sentia indigna de comer e então oferecia para as suas crianças.
Mas atualmente depois que aprendeu as verdades bíblicas ensinadas pela missionária Natalia sobre quão importante são às mulheres para Deus, Inês aos 29 anos pode enfim saborear livremente os pedaços nobres de uma galinha a coxa, o peito, o fígado e a moela sem culpa e com a consciência tranquila.
A cada dia que passo convivendo com os irmãos moçambicanos tenho percebido o quanto que o Evangelho é libertário principalmente na vida das mulheres aqui do Dondo. Em outros post vou escrever novas e diferentes historias que tenho colhido das pessoas como mama Inês que mora neste país tão bonito e rico de experiências chamado Moçambique.    

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Na tchissassa

By Orcélia Sales


Quando a missionária Natalia falou pela primeira vez que eu iria participar de uma tchissassa,  em um primeiro momento o que me chamou a atenção foi o nome tão desconhecido no meu verbete.
Então vamos às explicações..rs.  

A tchissassa é uma cerimônia de retirada do recém-nascido e da mãe de dentro da casa sete dias após o nascimento. Essa celebração que participei foi conduzida pelos membros da Igreja Catedral da Família no Dondo.
Nas ruas
No caminho
Nesta tchissassa saímos em coro pelas ruas e quando chegamos a casa tinha uma mesa de honra preparada para os pastores e missionárias. A cerimônia foi conduzida pelas mulheres através de leitura bíblica, oração, musicas no dialeto local e as danças bem animadas.
Alegria, Alegria...
 Primeiramente cantamos e dançamos muito na porta da casa, depois eu e algumas mulheres entramos no quarto fizemos uma oração abençoando a mãe e o neném, mas mesmo após a oração a mãe não fazia sequer menção de levantar da esteira, então fui informada que eu deveria dizer em voz alta pra mãe que ela já poderia sair da casa.
Esteira onde a família dorme
Após os protocolos realizados dentro da casa as principais mães dançaram em volta do casal segurando o neném, foi algo muito emocionante eu também dancei segurando o bebe e tentando acompanhar o ritmo da coreografia..rs.


Mesa de honra
 Missionários Rondom /Natalia, EU, Karina














Em seguida cada pessoa deixou um presente ou dinheiro. Os presentes foram 8  cachês de sabão em pó, 1 barra de sabão, 1 fralda de pano, 2 conjuntinho, 1 chapéu, 2 sapatinhos e em dinheiro algo em torno de 35,00 reais. Os pais ficaram muito felizes com os presentes então foi servido o maheu para os convidados, e na mesa de honra bolachas e refrigerante.  
Convidados
EU na mesa de honra














Servindo o maheu
Casa, convidados, mesa de honra...


Mas nem sempre as tchissassas acontecem dessa forma, pois tudo depende da crença dos pais.





Quando os pais são ligados nas crenças consideradas tradicionais quem faz essa celebração é a curandeiro (a), que é contratada por um valor de mais ou menos 300,00 Meticais (aproximadamente 42,00 Reais).
Nesse tipo de ritual o curandeiro leva uma mistura de ervas e espalha pela casa recitando palavras especificas no dialeto local, depois ele tira um pouco dessa mistura para que a mãe lave as suas roupas e do recém-nascido. Pois a mulher é considerada impura devido o sangramento que é chamado de manduari, o marido e os familiares tem muito, pois acreditam que esse sangue tem maldição, por isso eles realizam a purificação da mulher.
Em seguida o curandeiro coloca em volta da cintura do recém-nascido uma fita de raízes que só pode ser retirada quando ele completar um ano, eles acreditam que se retirar antes do tempo o bebe morre.  Após esse momento a mãe e o bebe já podem sair de casa e passear, pois estão seguros de inveja, mal olhado, doenças etc. e a mulher já é considerada pura.
O fato é que em Moçambique existem muitos mitos e crendices que cercam do nascer ao morrer (leia o post sobre Morte) os curandeiros se aproveitam do pouco esclarecimento espiritual das pessoas e levam tudo para o lado do ocultismo com isso muitos creem no poder sobrenatural dos curandeiros, feiticeiros bruxos e Cia.
A tchissassa a meu ver esta incluída em uma categoria bem menos espiritual e mais preventiva de doenças e celebração do nascimento tal como fazemos no Brasil no chá de fraldas. Claro que existem muitas igrejas que preferem não celebrar a tchissassa por acreditarem que seja algo ligado as praticas de ocultismos. Biblicamente eu não vejo nada que desabone essa celebração pelas igrejas.
EU e o bebê 
Na minha opinião a tchissassa deve ser preservada como forma de gratidão e alegria bem como fez Abrãao que deu uma festa quando Isaac nasceu. Portanto que venham mais tchissassas porque aqui eu quero é festAaarrrr muiToooo..rs



terça-feira, 5 de junho de 2012

A visita do Presidente!

Essa semana a cidade do Dondo recebeu a visita do presidente Armando Emílio Guebuza e claro eu era mais uma entre os muitos que foram sauda-lo e aproveitei para colher todas as informações sobre esse momento social..rs
Presidente Guebuza


Guebuza foi eleito e reeleito pelo voto popular e esta no poder desde 2005 sendo o terceiro presidente depois da independência de Moçambique, ele é muito importante para a população, mas ainda falta muito para se tornar um ícone popular assim como foi o primeiro presidente Samora Moises Machel, claro que Guebuza tem muitos opositores e críticos ao seu governo, mas nada disso tira o brilho e o fascínio que ele ainda exerce sobre o povo.
Presidente assistindo a nossa apresentação 



EU devidamente pronta para saudar o presidente



         Os principais partidos políticos são a FRELIMO e a RENAMO ambos foram combatentes na guerra civil. Guebuza foi eleito pela FRELIMO que possui um comitê de destaque aqui no Dondo e organizou a visita do presidente aqui e nas cidades circunvizinhas.
Missionário Rondon na expectativa...
O povo estava animado...
O presidente chegou à cidade do Dondo e todos já estavam devidamente organizados em sequencia para recepciona-lo com musicas e danças. O missionário Rondom esteve em uma reunião com o prefeito e as autoridades locais, onde orou com todos e informou que a Igreja Catedral da Família no Dondo diariamente na Oração de Davi às 6hs da manha esta orando pelas autoridades políticas desta nação.  
Faixa de boas vindas...
Com a faixa de boas vindas (essa era a única no evento) saímos pelas ruas em carreata e diante do presidente os irmãos da Igreja Catedral da Família fizeram uma linda apresentação de musica gospel no dialeto local junto com uma coreografia bem animada. Valeu ficar no sol escaldante porque tudo foi muito bonito e emocionante.
Passeata  pelas ruas


Como sempre a comitiva que acompanhava Guebuza era grande e após essa recepção inicial o presidente seguiu para almoçar com os convidados numa tenda armada na principal praça da cidade.
Presidente Guebuza
Agora só nos resta aguardar que essa visita produza benfeitorias para a população dessa cidade tão hospitaleira que tem me acolhido com tanto amor. 
Apresentação de dança tradicional
EU o Prefeito do Dondo e a Clara..rs










By Orcélia Sales

Ritual que propaga a SIDA interditado em Moçambique


Achei muito interessante esse texto que resolvi copiar na integra do site:
A prática "kutchinga", que obriga uma viúva a ter sexo desprotegido com um parente do defunto, foi abolida, informa o site alemão Deutsche Welle.
A abolição da kucthinga ou kupitakufa deve-se a Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO). Agora, os curandeiros filiados à AMETRAMO ficam proibidos de recomendar práticas tradicionais de purificação de viúvas através de relações sexuais desprotegidas.
A crença local de que era necessário o ritual para purificar as viúvas poderá ter contribuído para a propagação da SIDA no país que, com 11,5% da população atingida, regista um dos maiores índices de seroprevalência no mundo. De acordo com os dados revelados pela DW, a infecção com HIV no país é mais elevada entre mulheres e homens viúvos, situando-se respectivamente em 36% e 29%.
Rituais de purificação alternativos não nefastos
Para além de obriga a viúva a relações carnais desprotegidas, o kutchinga ainda pode implicar o seu casamento com um parente do defunto, mesmo que aquele já seja casado. Como alternativa, pode ser indicado um membro da comunidade considerado purificador nato e com experiência suficiente para realizar o ritual.
Baseado na crença de que a purificação da viúva afasta os azares e infortúnios que vêm dos espíritos e ancestrais, o kucthinga é praticado sobretudo nas zonas rurais.
Fernando Mathe, porta-voz nacional da AMETRAMO e curandeiro há vinte anos, explica que o que levou a sua organização a abolir este ritual foi a constatação que por vez o indivíduo que vai concretizar o ritual é seropositivo. Citado pela DW, Mathe acrescenta que "também pode ser a senhora que está afectada. Então a crença acaba por expandir a infecção e ser prejudicial".
Questionado pela DW África sobre que rituais estaria a AMETRAMO a considerar para substituir a prática do kutchinga, o porta-voz aponta "o uso de algumas ervas para se fazerem os banhos, dar um banho à pessoa, limpar a casa e usar outros meios".
Mulheres acolhem abolição de forma positiva
As mulheres já atingidas por esta prática acolheram de forma positiva a abolição. Deolinda Khossa, residente no bairro 25 de Junho, nos arredores de Maputo, partilhou a sua história à DW África. Khossa explicou que perdeu o marido há alguns anos e a foi forçada pela família a faz kutchinga com o cunhado. "Nessa relação contraí uma tosse que não passava. No hospital diagnosticaram-me tuberculose e SIDA." A ex viúva refere que desde então não conseguiu fazer mais nada para se sustentar e que a família do actual marido abandonou-a, sem dar qualquer tipo de assistência a ela e aos filhos. Citada pela DW, Deolinda Khossa afirma com clareza, "Estou feliz pelo da kutchinga".
Multas para quem persistir na prática
Segundo Fernando Mathe estão previstas sanções para os curandeiros que persistirem na prática destes rituais,como uma multa de 2500 meticais. Se o curandeiro reincidir poderá ser interditado a exercer a sua profissão.
A mudança de atitude dos vários actores da sociedade é um dos desafios mais imediatos. Teresa Xavier, membro da Kindlimuka e da MONASO, rede de organizações não governamentais ligadas ao combate da SIDA, saúda a decisão de abolir o kuchtinga: ”É a decisão acertada”. Isto porque “era uma cadeia de transmissão que nunca mais parava a propagação do HIV em Moçambique”.