segunda-feira, 11 de junho de 2012

A história da galinha

By Orcélia Sales


Se existe uma coisa que eu amo e me sinto praticamente uma artista é no ato de conversar, jogar conversa fora, falar seriamente ou simplesmente falar sobre coisa alguma..rs e por aqui tenho descoberto pessoas maravilhosas para exercer essa arte tão antiga da comunicólogia...haha
Simplesmente Mama Inês 
Mama Inês cozinhando
A mama Inês é uma dessas raras pessoas que encontramos pela vida e que sem saber é um material humano riquíssimo em experiências de vida. Eu sempre fico conversando com ela e colhendo todas as informações sobre a cultura de vida aqui da sua etnia Massena. E nesse post sobre a historia da galinha quero começar a escrever um pouco do que tenho aprendido com ela. Mas antes vamos a alguma identificação dessa grande mulher moçambicana.
A Inês é funcionaria aqui na casa missionária e membro da Igreja Catedral da Família no Dondo. O marido lhe abandonou com três filhas e desde então tem lutado como uma guerreira para sobreviver aos percalços da vida.
A História da Galinha é bem simples, mas super engraçada...rs
EU e Inês
Bom começa assim: Dia desses a Inês matou uma galinha para prepara uma Galinha Café Real e deixou o coração da galinha para jogar no lixo, a missionária Natalia viu e pediu pra ela colocar na panela aquele coração, então a Inês explicou que foi ensinada pela sua mãe para não comer o coração porque pode ficar com medo igual à galinha, e todos deita no lixo essa parte (deitar aqui significa jogar fora), então eu disse que na nossa cidade comemos deliciosos espetinhos de coração, ela ficou perguntando se não tínhamos medo de ficar medrosas.
Uma parte nobre da galinha
Mas a informação chocante sobre a historia da galinha foi saber que as mulheres dessa região são ensinadas a não comer as partes nobres da galinha (coxa, miúdos, peito...), pois é uma ofensa ao marido, essas partes da galinha somente os homens podem comer. Outra coisa interessante é que as crianças podem comer apenas os pés, a tripa e a cabeça da galinha; as mulheres e crianças jamais podem fazer suas refeições junto com o homem, isto é no mesmo espaço, pois é um desrespeito com o homem e pode provocar desentendimentos entre o casal se isso não for seguido pela mulher.  
Inês me falou que mesmo depois que ficou sem o marido não comia esses pedaços porque se sentia indigna de comer e então oferecia para as suas crianças.
Mas atualmente depois que aprendeu as verdades bíblicas ensinadas pela missionária Natalia sobre quão importante são às mulheres para Deus, Inês aos 29 anos pode enfim saborear livremente os pedaços nobres de uma galinha a coxa, o peito, o fígado e a moela sem culpa e com a consciência tranquila.
A cada dia que passo convivendo com os irmãos moçambicanos tenho percebido o quanto que o Evangelho é libertário principalmente na vida das mulheres aqui do Dondo. Em outros post vou escrever novas e diferentes historias que tenho colhido das pessoas como mama Inês que mora neste país tão bonito e rico de experiências chamado Moçambique.    

2 comentários:

  1. Missionária Orcélia, Parabéns!!!! Não sabia deste blog e quando o Pr. Darley me mostrou fiquei muito feliz por termos notícias tão maravilhosas das coisas que estão acontecendo com vocês. Continue enviando mais notícias que estaremos publicando no site da Catedral. Inclusive a notícia sobre a visita do Presidente já está lá. Que Deus possa lhe abençoar ricamente. Abraço. Leandro e Dilma (Secretários de missões).

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  2. Obrigado Leandro, estarei enviando sim todas as noticias...Continue segurando as cordas para nós que estamos aqui no campo, você e a Dilma são resposta de oração..Deus abençoe esse departamento.

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