By Orcélia Sales
Quando
a missionária Natalia falou pela primeira vez que eu iria participar de uma tchissassa, em um primeiro momento o que me chamou a
atenção foi o nome tão desconhecido no meu verbete.
Então
vamos às explicações..rs.
A
tchissassa é uma cerimônia de retirada do recém-nascido e da mãe de dentro da
casa sete dias após o nascimento. Essa celebração que participei foi conduzida pelos
membros da Igreja Catedral da Família no Dondo.
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Nas ruas |
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No caminho |
Nesta
tchissassa saímos em coro pelas ruas e quando chegamos a casa tinha uma mesa de
honra preparada para os pastores e missionárias. A cerimônia foi conduzida
pelas mulheres através de leitura bíblica, oração, musicas no dialeto local e
as danças bem animadas.
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Alegria, Alegria... |
Primeiramente cantamos e dançamos muito na
porta da casa, depois eu e algumas mulheres entramos no quarto fizemos uma
oração abençoando a mãe e o neném, mas mesmo após a oração a mãe não fazia
sequer menção de levantar da esteira, então fui informada que eu deveria dizer
em voz alta pra mãe que ela já poderia sair da casa.
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Esteira onde a família dorme |
Após
os protocolos realizados dentro da casa as principais mães dançaram em volta do
casal segurando o neném, foi algo muito emocionante eu também dancei segurando
o bebe e tentando acompanhar o ritmo da coreografia..rs.
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Mesa de honra |
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Missionários Rondom /Natalia, EU, Karina |
Em
seguida cada pessoa deixou um presente ou dinheiro. Os presentes foram 8 cachês de sabão em pó, 1 barra de sabão, 1
fralda de pano, 2 conjuntinho, 1 chapéu, 2 sapatinhos e em dinheiro algo em
torno de 35,00 reais. Os pais ficaram muito felizes com os presentes então foi
servido o maheu para os convidados, e na mesa de honra bolachas e refrigerante.
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Convidados |
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EU na mesa de honra |
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Servindo o maheu |
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Casa, convidados, mesa de honra... |
Mas
nem sempre as tchissassas acontecem dessa forma, pois tudo depende da crença
dos pais.
Quando
os pais são ligados nas crenças consideradas tradicionais quem faz essa
celebração é a curandeiro (a), que é contratada por um valor de mais ou menos 300,00
Meticais (aproximadamente 42,00 Reais).
Nesse tipo de ritual o curandeiro leva uma mistura de ervas e espalha pela casa recitando
palavras especificas no dialeto local, depois ele tira um pouco dessa mistura
para que a mãe lave as suas roupas e do recém-nascido. Pois a mulher é
considerada impura devido o sangramento que é chamado de manduari, o marido e
os familiares tem muito, pois acreditam que esse sangue tem maldição, por isso
eles realizam a purificação da mulher.
Em
seguida o curandeiro coloca em volta da cintura do recém-nascido uma fita de
raízes que só pode ser retirada quando ele completar um ano, eles acreditam que
se retirar antes do tempo o bebe morre. Após
esse momento a mãe e o bebe já podem sair de casa e passear, pois estão seguros
de inveja, mal olhado, doenças etc. e a mulher já é considerada pura.
O
fato é que em Moçambique existem muitos mitos e crendices que cercam do nascer
ao morrer (leia o post sobre Morte) os curandeiros se aproveitam do pouco
esclarecimento espiritual das pessoas e levam tudo para o lado do ocultismo com
isso muitos creem no poder sobrenatural dos curandeiros, feiticeiros bruxos e
Cia.
A
tchissassa a meu ver esta incluída em uma categoria bem menos espiritual e mais
preventiva de doenças e celebração do nascimento tal como fazemos no Brasil no
chá de fraldas. Claro que existem muitas igrejas que preferem não celebrar a
tchissassa por acreditarem que seja algo ligado as praticas de ocultismos.
Biblicamente eu não vejo nada que desabone essa celebração pelas igrejas.
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EU e o bebê |
Na minha opinião a tchissassa deve ser preservada como forma de gratidão e
alegria bem como fez Abrãao que deu uma festa quando Isaac nasceu.
Portanto que venham mais tchissassas porque aqui eu quero é festAaarrrr muiToooo..rs
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