sexta-feira, 8 de junho de 2012

Na tchissassa

By Orcélia Sales


Quando a missionária Natalia falou pela primeira vez que eu iria participar de uma tchissassa,  em um primeiro momento o que me chamou a atenção foi o nome tão desconhecido no meu verbete.
Então vamos às explicações..rs.  

A tchissassa é uma cerimônia de retirada do recém-nascido e da mãe de dentro da casa sete dias após o nascimento. Essa celebração que participei foi conduzida pelos membros da Igreja Catedral da Família no Dondo.
Nas ruas
No caminho
Nesta tchissassa saímos em coro pelas ruas e quando chegamos a casa tinha uma mesa de honra preparada para os pastores e missionárias. A cerimônia foi conduzida pelas mulheres através de leitura bíblica, oração, musicas no dialeto local e as danças bem animadas.
Alegria, Alegria...
 Primeiramente cantamos e dançamos muito na porta da casa, depois eu e algumas mulheres entramos no quarto fizemos uma oração abençoando a mãe e o neném, mas mesmo após a oração a mãe não fazia sequer menção de levantar da esteira, então fui informada que eu deveria dizer em voz alta pra mãe que ela já poderia sair da casa.
Esteira onde a família dorme
Após os protocolos realizados dentro da casa as principais mães dançaram em volta do casal segurando o neném, foi algo muito emocionante eu também dancei segurando o bebe e tentando acompanhar o ritmo da coreografia..rs.


Mesa de honra
 Missionários Rondom /Natalia, EU, Karina














Em seguida cada pessoa deixou um presente ou dinheiro. Os presentes foram 8  cachês de sabão em pó, 1 barra de sabão, 1 fralda de pano, 2 conjuntinho, 1 chapéu, 2 sapatinhos e em dinheiro algo em torno de 35,00 reais. Os pais ficaram muito felizes com os presentes então foi servido o maheu para os convidados, e na mesa de honra bolachas e refrigerante.  
Convidados
EU na mesa de honra














Servindo o maheu
Casa, convidados, mesa de honra...


Mas nem sempre as tchissassas acontecem dessa forma, pois tudo depende da crença dos pais.





Quando os pais são ligados nas crenças consideradas tradicionais quem faz essa celebração é a curandeiro (a), que é contratada por um valor de mais ou menos 300,00 Meticais (aproximadamente 42,00 Reais).
Nesse tipo de ritual o curandeiro leva uma mistura de ervas e espalha pela casa recitando palavras especificas no dialeto local, depois ele tira um pouco dessa mistura para que a mãe lave as suas roupas e do recém-nascido. Pois a mulher é considerada impura devido o sangramento que é chamado de manduari, o marido e os familiares tem muito, pois acreditam que esse sangue tem maldição, por isso eles realizam a purificação da mulher.
Em seguida o curandeiro coloca em volta da cintura do recém-nascido uma fita de raízes que só pode ser retirada quando ele completar um ano, eles acreditam que se retirar antes do tempo o bebe morre.  Após esse momento a mãe e o bebe já podem sair de casa e passear, pois estão seguros de inveja, mal olhado, doenças etc. e a mulher já é considerada pura.
O fato é que em Moçambique existem muitos mitos e crendices que cercam do nascer ao morrer (leia o post sobre Morte) os curandeiros se aproveitam do pouco esclarecimento espiritual das pessoas e levam tudo para o lado do ocultismo com isso muitos creem no poder sobrenatural dos curandeiros, feiticeiros bruxos e Cia.
A tchissassa a meu ver esta incluída em uma categoria bem menos espiritual e mais preventiva de doenças e celebração do nascimento tal como fazemos no Brasil no chá de fraldas. Claro que existem muitas igrejas que preferem não celebrar a tchissassa por acreditarem que seja algo ligado as praticas de ocultismos. Biblicamente eu não vejo nada que desabone essa celebração pelas igrejas.
EU e o bebê 
Na minha opinião a tchissassa deve ser preservada como forma de gratidão e alegria bem como fez Abrãao que deu uma festa quando Isaac nasceu. Portanto que venham mais tchissassas porque aqui eu quero é festAaarrrr muiToooo..rs



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